Nowtrip
Nepal Travel diary Travel Diary

Chegar e ficar!

Três aviões e 12 horas depois cheguei a Katmandu, a capital do Nepal. No terceiro voo encontrei-me com outra rapariga, egípcia, que ia também fazer voluntariado pela all hands. Depois do processo para obter o visto seguimos para a zona das malas e ela disse que esta parte era assustadora porque a mala podia não aparecer. Na brincadeira disse-lhe que com a minha sorte era possível que a minha ficasse pelo caminho. E o que aconteceu foi mesmo isso, esperei esperançosa até o tapete rolante das malas parar e a minha cabeça começar a entrar em pânico. Não queria ficar sem as coisas nem tinha tempo para voltar noutro dia. Dirigi-me logo à zona que trata do assunto, viram o código da mala e a mala ficou por Muscat, vinha no próximo voo que chegava ainda nesse dia à noite. Muita sorte.

Depois foi tempo de ir para o hostel, dar uma vista de olhos pela zona e ficar uma noite na cidade, a primeira noite foi estranha e assustadora, estava cansada da viagem e pensei que ia adormecer logo mas isso não aconteceu. O facto de serem 16h em portugal (22h45 em Kathmandu, sim os minutos são diferentes) também não ajudou. Dormi um bocado e acordei a pensar que era de manha, era 1h45 da manhã. Ui, pânico, não tinha sono e estava num hostel no Nepal sozinha. Caí na realidade naquele momento. Confesso que vacilei, comecei a questionar onde me tinha vindo meter, tinha o coração e a cabeça a mil. Senti um mix de sentimentos muito estranho. Foi angustiante mas decidi acalmar a cabecinha e fui ver um filme (Netflix para sempre pff).

No dia a seguir estava tudo calmo de novo, o entusiasmo voltou, a luz dia é encorajadora. Apanhei um autocarro deluxe (luxo máximo, tv, wi-fi e ventoinha) com mais duas voluntárias e a viagem durou cerca de 4 horas. Para a estrada só há uma palavra a-s-s-u-s-t-a-d-o-r-a. Aqui conduzem ao contrário e é só penhascos, quando passam dois autocarros ficamos a uma unha negra de ir a rebolar. Saímos em Trisuli, obviamente o autocarro não parava na base dos voluntários, tivemos que andar 45 minutos e eu só tinha duas malas, uma com 12 quilos. Fácil.

Chegámos cansadissimas à base principal e aquela que pensávamos que seria a nossa casa durante um mês. Mas não, mudaram os planos e precisavam de pessoas para terminar uma escola em Kalyani. Tudo bem até que disseram “não há lá sanitas, o banho é na rua e normalmente é com água fria…ah e dormem em tendas” ui, comecei a vida andar para trás. Estava reticente até que mostraram uma fotografia do local e disse em menos de 2 segundos “aceito”. Vim cá para isso mesmo, testar os meus limites. Seguimos viagem nesse mesmo dia, o caminho ainda é pior que o outro, mais estreito, de terra/lama e buracos gigantes. É como andar de carrocel, é aos saltos e a rezar para não morrer.

Cheguei a Kalyani e a vista compensava tudo!! Mas acreditem, tomar banho na rua é horrível e ir a “casa de banho” também. Temos um buraco no chão em porcelana e é só. À noite faz bastante frio. Até agora a palavra principal é “desafio”, a todos os niveís.

Hoje, 17, foi dia de voltar à civilização para a inauguração de uma escola. Ainda não pus as mãos na obra mas está para breve.

O dia começa as 7h (às 2h45 em PT) e termina às 15h30, depois é tempo livre para descansar, conviver (somos 22) ou ler. Não dá para muito mais, estamos no meio de nenhures e sabe tão beeeem!!

You Might Also Like...

1 Comment

  • Reply
    O regresso – Nowtrip
    4 Abril, 2017 at 8:52 PM

    […] Mas o receio existe e sem piedade atingiu-me logo na primeira noite no Nepal. Afinal que ideia maluca era a minha de sair do meu conforto e enfiar-me sozinha num país asiático?! O coração batia acelerado, como nunca antes, e por momentos pensei que não seria capaz. Mas fui. […]

Leave a Reply