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Chegar a Vasatokka

Preparados para saberem o resto da odisseia que foi chegar a este pequeno paraíso do silêncio?

Onze da manhã e chegou a minha hora, mais uma viagem mais um voltinha. Uma hora e meia depois cheguei a Ivalo, que é como quem diz à Lapônia. Só faltava esperar pela minha mala e rezar que desta vez não tivesse ficado pelo caminho. E não, eles não se esqueceram dela mas também não a adoraram. Chegou bem partida, como se quer. Ah e manca, só preciso de carregar uma mala às costas e puxar uma estragada com 35 quilos numa pista de gelo e neve. Perfeito!

Claro que fiz reclamação e que devido ao tempo que demorei a escrever o formulário, o autocarro que me ia buscar ficou à minha espera durante 20 minutos. A rainha das malas extraviadas e danificadas chegou, agora esperem. Foi tipo isto, like a star.

E 45 minutos depois cheguei à pequena vila de Inari, que é a civilização mais perto de onde eu estou (11 km). O motorista deixou-me e fiquei ali no meio de 3 edifícios e muita neve sem saber para que lado me virar, as placas estão tapadas com neve e o único banco que vejo está na rua e estão os míseros -17 graus. Não tive outra alternativa, enquanto esperei pela minha boleia tive de ficar naquele banco confortável e quente. Preferi o frio a estar em pé com 9 quilos nas costas e 35 quilos numa mala que não passa de um mono. A boleia chegou, demorou 15 minutos e eu não congelei. Prova superada. 

Como portuguesa que sou estava à espera (na verdade até nem estava à espera mas nem me lembrei) de uma abraço caloroso e aqueles dois beijinhos ao jeito português. Nem pensar, aqui é um aperto de mão e já é com sorte. Gente fria, e não é do frio.

Abriu a mala do carro e ficou a olhar para mim como quem diz “força nisso, alavanca com isso tudo para dentro do carro sozinha” e foi isso mesmo que aconteceu. Nada de uma ajudinha. Nicles, rien de rien. Não se tem sempre sorte. 

Chegámos ao sítio onde estou a viver, que fica no meio da floresta e de nenhures, e apresentou-me a algumas pessoas (aperto de mão de novo mas já estava preparada). Seguimos para o meu apartamento e o que temos?! Um lance de 20 escadas. Será que tive ajuda? Ahaha, não!! Calma, pensei eu.

Depois desta grande viagem cheguei ao meu alojamento e que é bem acolhedor. Estou no quarto com mais duas voluntárias, uma irlandesa e uma russa, e tudo tem corrido muito bem.

 

Estou no meio de nenhures mas garanto-vos que é um nenhures do caraças. Tenho floresta, cabanas, lagos e muita neve. Nunca vi um sítio como este, aqui há mesmo silêncio e a neve parece açúcar. Neve acima do joelho e que brilha como diamantes com a luz do sol. E o horizonte é lá longe, nada interrompe a paisagem natural. 

Às vezes gostava que os meus olhos tirassem fotografias para que pudesse mostrar a beleza deste sítio. Vou tentar, ainda assim, tirar fotografias que lhe façam justiça.

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