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Finlândia Travel Diary

Como sobreviver com -30 graus?

A primeira coisa que me vem à cabeça ( e que sinto) é que não é pêra-doce. Não é a sensação mais agradável do universo e não queremos repetir todos os dias.

Estou na Lapónia há quase um mês e ainda respiro. Não vim na época mais fria e negra (nos meses de novembro a janeiro o sol nunca aparece, está sempre de noite), mas já apanhei dias muito agrestes. Em Portugal já apanhei dias muito frios e que me fizeram brincar a dizer que estava na Sibéria. Que ingénua. A partir de agora para mim Portugal é sempre quentinho quentinho.

Não passo muito tempo na rua, o meu trabalho acontece mais no interior de edificios mas naqueles dias que tenho de ir pôr os olhos de fora ( só mesmo os olhos, e nem sempre, é que ficam à mercê de aragens de 30 graus negativos) parece que o sol nunca quer aparecer e que as tempestades de neve se lembram de existir. Mas também não se deixem enganar pelo sol, ele pode estar presente mas não aquece). Já dei aulas de ski com um nevão gigante, já ajudei na pesca no gelo quando nem se via um metro à frente e já tive na abertura das férias da páscoa com atividade para crianças num dia com 25 graus negativos. Neste dia confesso que não arredei pé da fogueira, ausentei-me apenas para ir jogar um pouco de hóquei no gelo e transformar-me numa amante de Huskies.

Por aqui a vida não fica em standby por causa destas temperaturas, o que seria destas pessoas se deixassem de conviver assim que ficasse frio. É natural a capacidade de aguentar tudo. É o normal para todos eles e se há coisa que nunca falta é o chá e o café.

Eu? Eu friorenta me confesso!

Escolhi este país por ser um desafio, por me colocar no limite. É verdade que quando saio à rua pareço o boneco da michelin (ou um assaltante disfarçado) e que no mínimo visto três camadas de roupa (e quatro pares de meias!). A receita é mais ou menos esta: a primeira camada é collants e camisola térmica, de seguida calças térmicas justas, um par de meias e uma camisola polar fininha, por fim coloca-se mais uma camisola polar grossa, umas calcas da neve, mais um par ou dois de meias, termina-se com um casaco bem composto e umas botas assim-assim. Obviamente que é preciso adicionar a gola, o gorro e as luvas. E estou pronto para ir para a rua. (o centro onde estou tem roupa para arrendar e eu posso usar tudo o que quiser sem pagar, por isso é normal que me vejam a desfilar com um casaco azul bem quentinho a dizer Lapland VIP Tours, privilégios)

Mas acreditem que no outro dia estavam apenas (APENAS) menos 8 graus e eu dei comigo a dizer que até estava agradável e que era um bom dia para aproveitar o ar livre. WHAT? Fiquei estupefacta com o comentário que me saiu da boca e pensei “estás um pessoa mudada, miúda”. Mas depois fiquei 20 minutos na rua e mudei logo de ideias, o frio gelou me o nariz e afinal estava era um calor esquisito.

Não, ainda não estou habituada a estas temperaturas mas estou vivinha da silva. Portanto, venham daí conhecer este país cheio de magia e que parece um conto de fadas (ou o mundo do Frozen). Venham daí que dá para sobreviver e a neve não caí, ela dança.

 

Ps: deixo-vos um vídeo para perceberem o que é estar (respirar) na rua com -30 graus Celsius.

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