Os motivos que nos levam a embarcar sem companhia podem ser diferentes, mas as mais valias que advêm dessa decisão são, com toda a certeza, transversais a todas nós. Sair por aí sozinha é um grito de liberdade, um aumento de auto-confiança e um convite à socialização.
Se ainda estás na dúvida se deves ou não viajar sozinha este artigo é para ti. Tenho bons motivos que te podem ajudar a colocares o receio em standby, a pegares na mochila e a esqueceres os preconceitos. Se por outro lado já decidiste que queres ir viajar sozinha mas a tua família está de pé atrás, só te resta uma opção: mostras-lhe que não serás a primeira nem a última ir e que na balança das vantagens e desvantagens, as vantagens vencem.
Aqui vão elas:
1 – Tens mais liberdade
Não podia começar de outra forma, para mim é o melhor de viajar sozinha. É complicado escrever exatamente a sensação de estarmos por nossa conta. A viajar sozinha podes decidir onde queres ir e quando queres ir, sempre. Se queres acordar cedo e aproveitar o dia ou se queres passar o dia a ver séries no hostel. Decides o teu orçamento e é mais fácil de o manter. Apetece-te voltar outra vez ao museu que visitaste no dia anterior? Lá vais tu sem ter que justificar nada. És tu que fazes o teu roteiro, a cidade está por tua conta.
Foi quando andava sozinha pelas ruas de Chiang Mai, Tailândia, que me apercebi como sabe bem esta liberdade. Dei voltas e voltinhas, fui a massagens, bebi dois a três sumos por dia, jantei em mercados, apanhei tuktuks no meio do nada e fiz tudo o que me apeteceu.
Não precisas de ir para muito longe mas não deixes de fazer uma viagem sozinhas, é do caraças!
Por vezes quando se viaja com companhia (que também gosto, atenção!) não é fácil conciliar vontades, nem todos gostamos do mesmo. Não é necessariamente mau mas quando se tem pouco tempo é bom visitarmos todos os locais que tínhamos planeado.

na viagem da minha vida

fui à banca dos sumos umas 2 vezes ao dia. E bebi com gelo (a tragédia! ainda respiro)
2 – Segues os teus instintos
Mesmo em países seguros os imprevistos acontecem e existem sempre situações que nos podem pôr à prova. Não temos ninguém, fisicamente, a quem recorrer e só nos resta confiar em nós e nos nossos instintos, que raramente falham.
Sou uma pessoa bastante atenta ao que me rodeia, tenho bom sentido de orientação e, normalmente, leio bem as atitudes das pessoas. Quando sinto que podem estar analisar-me ou fico no mesmo sítio até arranjar uma solução ou começo andar para um local que já conheça, entro num café ou meto conversa com alguém que pareça de confiança (ao fazer isto dou a entender que não estou sozinha). Ou por vezes faço só cara de poucos amigos e finjo que conheço aquele local desde pequenina, que é como quem diz “podem já desistir da ideia de me chatearem”.
No Vietname, quando andava a fazer a costa de autocarro, propuseram-me uma viagem de mota de Hue até Hoi An. Foi um homem que tinha acabado de conhecer que me fez essa proposta, eu tinha o autocarro dentro de duas horas, e apesar de ter sido uma situação que podia ter corrido mal eu não senti que estivesse alguma coisa de errado. Fui com o sobrinho dele de mota e a minha mala seguiu viagem de autocarro, a viagem durou 8 horas, parei em imensos sítios e quando cheguei a minha mala já me esperava. Foi uma das melhores aventuras que tive. Às vezes o medo esconde-se atrás de preconceitos, em viagem confias em ti e deixas-te ir ao sabor dos teus instintos!

o rapaz que me levou na mota (que conduziu sempre de chinelo)

um dos lugares que visitei na minha viagem de mota, que não teria ido se tivesse continuado no autocarro
3- Descobres que és mais corajosa do que pensavas
Quando viajamos acompanhadas estamos mais relaxadas, o estado de alerta é menor e por vezes nem testamos as nossas capacidades. Não sou a pessoa mais destemida do mundo, até sou bastante tímida, mas quando preciso de mostrar atitude transformo-me. A verdade é que eu acho que tenho duas personas, a Ana Teresa de Portugal e a Ana Teresa do Mundo.
A primeira vez que tive realmente de ter pulso firme foi, talvez, um dos momentos mais desafiantes da minha vida. Estava no Nepal sozinha e roubaram-me algumas coisas do meu quarto do hostel. Reservei um quarto só para mim por isso quando saí do quarto tranquei a porta e acreditei que as coisas estavam seguras. Quando voltei tinham-me roubado tudo o que tinha de electrónico. Alto lá, confesso que “paniquei” imenso, “fui roubada” repeti isto umas dez vezes sem saber o que fazer. O que fiz? Liguei ao meu pai (no nepal ou na china, sempre) e ele só me disse uma coisa, como se fosse muito fácil de fazer, “vais à recepção e dizes que vais chamar a policia”. Assim, simples. Como é? Este metro e meio vai ameaçar dois homens com a policia ? Ah pois fui. Enchi-me de toda a confiança do mundo (e coragem) e lá fui eu. A verdade é que depois de muita conversa e peripécias consegui ter todas as minhas coisas de volta, foi o rapaz da recepção que me tirou as coisas (e não chamei a policia). Eram dez da noite (já bastante tarde por lá) e pus-me a andar daquele lugar. Marquei um hotel e saí com cara de poucos amigos, tenho a certeza que a minha cara afastou todos os que pudessem sequer ponderar fazer-me mal no meio de um bairro escuro de Katmandu. Se alguma vez pensei que era capaz? Nunca!
Depois desta fiquei com a certeza que se algum dia precisar de afirmar um posição, em qualquer que seja a circunstância, vou ser capaz. Viajar sozinha faz-te acreditar mais em ti!

por outro lado, dei muitas voltas por Katmandu com um rapaz nepalês que se ofereceu para me levar.
4- Conheces mais pessoas
Não é um dado adquirido e se não é a tua praia também não precisas de o fazer. No entanto, quando viajas sozinha é mais fácil de conhecer pessoas, não só porque estás mais disponível para isso mas porque às vezes precisas mesmo de meter conversa.
Andava pelo Vietname sozinha e numa das vilas, Ninh Binh, existe um passeio no rio que vale muito a pena. Um barco que leva só uma pessoa é mais caro e eu não queria gastar o valor que me estavam a pedir. Qual foi a solução? Fiquei lá por perto a analisar as pessoas e assim que vi duas amigas a comprarem o bilhete fui ao pé delas e perguntei se podia ir com elas no barco. Assim aconteceu, tive uma visita a um lugar espetacular e com companhia agradável.
Não sou pessoa de socializar muito num ambiente de hostel mas conheço muitas pessoas noutras situações. Por isso, não te esqueças que viajar sozinha não significa uma viagem solitária.

foto tirada pelas minhas companheiras de barco. Duas amigas da Republica Checa
5- Expert de selfie stick
Esse flagelo de usar o selfie stick fica ao nível de uma licenciatura. Por mais que custe fazer essa figurinha de olhar para um ecrã pendurado num pau é muitas vezes a única solução para termos fotografias nossas. Aquela prova de que estivemos mesmo lá, calha sempre bem, não vá a má lingua dizer que fomos buscar à net. Estou a brincar mas verdade é que já sou grande profissional, talvez um dia escreva algo sobre essas técnicas maravilhosas. Era coisinha que gostavas de saber?

eu com o meu sempre amigo pela mão, selfie stick
Assim para já é o que tenho para ti. Espero que já estejas convencida a sair por aí, como estamos de entusiasmo?
As vantagens não são só estas, irei fazer uma nova remessa. Não penses que as maravilhas destas aventuras acabam por aqui. Prepara-te porque é desta que te vais fazer à estrada!
Boa viagem!
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