A Noruega é como um amor não correspondido, eu gosto dela mas a sacana não facilita a nível de sobrevivência. É mais que sabido que a Noruega ocupa, normalmente, lugares de topo, quer seja nos índices de felicidade, na sua beleza natural ou até na sua qualidade de vida.
Não vamos à Noruega por dá cá aquela palha, não é um impulso (pelo menos para quem viaja dentro do orçamento e em regime lowcost). Este país é caro, sim. Não é mito. Mas esse facto também não deve ser impedimento, com uma pequena poupança e com os objectivos de visita definidos é mais que possível ir conhecer esta maravilha do norte da Europa.
De que forma cheguei à Noruega?
Como estou a viver no norte da Finlândia a coisa torna-se mais fácil e mais barata, estou sempre a três passos de ir lá dar o ar da minha graça. Mas desta vez entrei no país através da Suécia, apanhei um autocarro da Flixbus desde Estocolmo com destino a Oslo. Uma viagem de 8 horas que custou 16 euros, preço-qualidade fantástico, com o bónus do autocarro estar quase vazio, que é igual a muito espacinho para esticar o esqueleto. Chegámos bem cedo, 8 da manhã e já estávamos a deixar as malas num cacifo grande (6 euros para 24 horas) da estação de autocarros e a partir para o passeio pela cidade.
Oslo
Bem, não tinha grandes expectativas quanto a esta cidade mas sendo que é a capital esperava um pouco mais. Mas nada temam, não deixa de ser uma cidade bonita, com muitos espaços verdes e muito bem plantada à beira mar. Tão à beira mar que a marina é um dos pontos altos da cidade e junto ao museu de Arte Contemporânea é possível ir a banhos. Pelos menos foi o que vimos, uma pequena estancia balnear montada em plena capital norueguesa. Só estivemos nesta cidade dois dias, sendo que foi em alturas diferentes. Um dia da primeira vez e mais um dia enquanto esperávamos pelo o autocarro para a Dinamarca, já no fim da nossa visita à Noruega ( já lá iremos).
Começámos o passeio pela clássica voltinha ao edifício da Ópera, foi inaugurado em 2008 e fica situado mesmo em frente ao fiorde de Oslo. É aqui o centro dos mais importantes espetáculos de ópera e bailado do país, é todo direcionado para a música e artes cénicas. Não chegámos a entrar mas a visita por fora vale a pena, fomos bem cedo, uma vez que fica mesmo ao lado da estação de autocarros, e conseguimos ver tudo sem multidões.
Seguimos caminho pelas ruas mais movimentadas e fomos ter à praça do Parlamento, ao jardim do Teatro Nacional e no topo da colina, ao Palácio Real. Parámos algumas vezes nos jardins que ficam por aquela zona, existem bastantes zonas verdes e todas bem cuidadas. Como fomos no verão o sol estava bem quente e não nos livramos de um pequeno escaldão, aquele sol é matreiro.
Terminámos a visita desse dia na zona alfandegária, local onde existem muitos restaurantes e que tem sido renovada nos últimos anos. Fica perto da Câmara Municipal e a 10 minutos a pé do jardim do Parlamento.
É possível visitar os pontos principais a pé, nós usámos o autocarro apenas para fazer a viagem de ida e volta para o hostel.
No dia seguinte rumámos a outra cidade, Stavanger, tínhamos as trilhas pelos fiordes na mira. Saímos de Oslo às 9h25 da manhã e chegámos a Stavanger às 17h18, uma viagem de comboio e autocarro que demorou 8 horas e que custou 52 euros. Escusado será dizer que as paisagens durante a viagem são fantásticas, é tudo muito verde e com muitos lagos e montanhas.
Custos
duração : dois dias e meio (1 noite)
alimentação: 20 euros
transportes (para ir e lá): 16 euros
alojamento: 28 euros (1 noite hostel em dormitório)
+outras despesas: 20 euros
Total gasto: +- 85 euros
Stavanger
Esta cidade fica no sudoeste da Noruega e é base para quem quer fazer duas das mais famosas trilhas da Noruega, a Kjerag e a de Preikestolen. Sim, era esse o nosso objetivo e motivo de visita a Stavanger, tinhamos planeado uma dia para cada trilha mas a chuva e o mau tempo encarregaram-se de informar que não ia acontecer. Minto se disser que levei tudo nas calmas, na altura fiquei chateada e triste. As trilhas eram para mim o momento alto da minha viagem pela Escandinávia. Mas a verdade é que nada podia fazer, são razões que estão acima da minha vontade, portanto foi arranjar plano b e aproveitar a cidade.
Stavanger é uma cidade bastante pequena e está dividida em zona antiga e nova. A zona antiga fica perto dos portos e tem toda a arquitectura nórdica, casas de madeira de todas as cores e ruas estreitas. A cidade é bonita e vale a pena uma visita (mas não sei se vale uma viagem propositada).
Para baixar os meus níveis de fúria em relação à desilusão de não fazer as trilhas, decidimos fazer um cruzeiro de 3 horas (57 euros) pelos fiordes e com passagem pela zona de Preikestolen (apenas por água e sem a sua vista brutal). A viagem foi boa (ainda que com chuva) mas não me encheu as medidas, acontece. Mas nada retira o facto de estar numa das zonas mais bonitas do mundo, os fiordes são espetaculares e sentimo-nos minúsculos ao pé daqueles monstros da natureza.
Ficámos duas noites nesta cidade num hostel que fica a 15 minutos de autocarro do centro e todas as refeições foram feitas na cozinha comum do hostel.
Saímos de Stavanger em direção a Odda e desta vez fomos de autocarro e ferry (45 euros), a viagem durou perto de 5 horas.
Custos
duração: dois dias e meio (2 noites)
alimentação: 15 euros
transportes (ir e por lá): 56 euros
alojamento: 54,14 euros (2 noites hostel em quarto para duas pessoas)
viagem de barco: 56,5 euros
Total gasto: +- 182 euros
Odda
Mais uma Vila que serviu de base para a maior trilha dos planos, ficamos num hostel dos caros. Ou melhor, ficamos num hostel na Noruega num dos pontos mais procurados, e claro que foi caríssimo (mais sobre todos o alojamento na Noruega, aqui)
Odda fica entre fiordes e é bastante pequena. Chegámos ao fim da tarde e o resto do dia foi para ver o jogo do mundial de Portugal contra Espanha e para organizar a nossa caminhada do dia seguinte, a trilha Trolltunga.
Não me vou alongar em pormenores acerca desta caminhada porque toda essa aventura vale um artigo, foi uma experiência que testou limites e pernas. Testou amizades e força de vontade, uma caminhada que teve tão de bonita como de difícil, sabia que iria ser puxada mas não contava acabar os 28km completamente de rastos. Mais uma para lista do “i could do it and i did it”.
No dia seguinte foi tempo de voltar à estrada, o próximo destino foi Bergen. Saímos de Odda perto das 11 da manhã e chegámos a Bergen por volta das 15h, foi feita de dois autocarros e um ferry (35 euros). A compra deste bilhete meteu a bondade e entre-ajuda, chegámos à estação de autocarros sem bilhete, sem dinheiro vivo (apenas multibanco) e infelizmente o motorista não aceitava MB. Pedimos que nos indicasse onde era a caixa de multibanco mais perto mas recebemos uma indicação para o vazio, “é para ali”. Seguimos o “ali” e pelo meio da pressão não encontrámos nada, o autocarro saia em 2 minutos e em desespero fui pedir ajuda a um senhor que estava junto à praça de taxis e ele gentilmente nos levou à caixa de multibanco, e naquele instante o autocarro tinha vindo ao nosso encontro, a sorte que de vez em quando aparece.
Custos
duração: dois dias (2 noites)
alimentação: 17 euros
transportes (ir e por lá): 72 euros (bilhete para ida/volta trillha Trolltunga incluído 27 euros)
alojamento: 121 euros (2 noites hostel em quarto para duas pessoas)
Total gasto: +- 210 euros
Bergen
Oh, Bergen. Oh Bergen, como é que vou explicar a nossa relação. Não adorei, não detestei mas não fica para história. A cidade é bonita, a zona antiga, tem claro toda a magia nórdica. Tivemos também o azar da chuva e a visita ficou mais cinzenta por causa disso. Os bilhetes de eléctrico são do mais caro que já vi, um bilhete para 90 minutos custa quase 5 euros. Um bilhete, 5 euros, um apenas. A cidade faz-se bem a pé, óbvio, mas desta vez optámos por couchsurfing e a casa ficava um pouco fora da zona central. Claro que o bilhete do eléctrico nada se compara a estadia grátis mas custa sempre largar 5 euros assim de uma vez e muitas vezes.
A cidade dispõe de uma zona antiga que está exactamente como no passado, ninguém lá vive e é apenas como um museu. Foi sem dúvida a minha a parte preferida. Um dia ou dois é suficiente para visitar tudo.

A alimentação ficou a cargo do supermercado, do mais económico que existe porque por esta altura já estávamos nas ruas da amargura.
Saímos de Bergen com destino a Oslo, de novo. A viagem foi feita de autocarro e de dia, durou cerca de 8 horas e é considerada uma das viagens de comboio mais bonitas do mundo (e eu proponho mais cara também, em relação preço qualidade nas carruagens, 70 euros). A vista é realmente incrível, apanhamos sol, chuva e neve.
Chegámos a Oslo só para uma visita de médico, voltámos a passear pela cidade e às 23h rumámos a Copenhaga, Dinamarca. Foi uma viagem noturna feita novamente pela Flixbus (17euros), sendo que desta vez não houve espaço para muito e a viagem foi feita sentadinha, foi penoso mas tudo se faz.
Custos
duração : dois dias (2 noites)
alimentação: 20 euros
transportes (ir e por lá): 46,4 euros (inclui 3 bilhetes de eléctrico)
alojamento: 0 euros (couchsurfing)
Total gasto: +- 67 euros
Em resumo os pontos importantes:
Duração – 8 dias
Altura do ano – 12 de Junho a 19 de Junho 2018
Chegada e saída- Flixbus
Alojamento – Couchsurfing e Hostel
Total gasto +- 545 euros
Saber mais sobre a:
Viagem pela Suécia
Viagem pela Dinamarca
Trilha Trolltunga
todas as despesas da viagem pela Escandinávia
No Comments